Sinopse
Nos anos 60, Richard O’Barry era a maior autoridade mundial no treino de golfinhos, trabalhando no cenário da popular série de televisão “Flipper”.
Diariamente, O’Barry mantinha os golfinhos a trabalhar e os tele-espectadores a sorrir. Mas um dia, tudo acabou de forma trágica…
Esta é a incrível e verdadeira história de como Richard O’Barry, o realizador Louie Psihoyos e uma equipa de activistas, cineastas e mergulhadores de elite (Mandy-Rae e Kirk Krack) embarcam numa missão secreta para penetrar numa enseada escondida no Japão, trazendo para a luz do dia uma terrível e negra realidade.
E os mistérios que desvendam eram apenas a ponta do iceberg…
Comentários
Sobre o filme
Estava um pouco reticente em ver este filme, pois a ideia de ir ao cinema para ver um documentário sobre um massacre de golfinhos numa longínqua vila pesqueira do Japão não é bem aquilo que se espera numa tarde de entretenimento.
Já tinha visto há uns tempos atrás alguns vídeos no YouTube sobre a forma desumana como os pescadores japoneses matam estes animais e estar a pagar para ver durante mais de uma hora a crueldade desta situação seria certamente insuportável, apenas tolerável claro para alguns sádicos que abundam por aí.
Mas por alguma razão este documentário ganhou um Oscar e dezenas de prémios em outros festivais internacionais, o que me sugeriu que possivelmente haveria mais conteúdo do que apenas imagens sobre a matança.
O público vai ao cinema porque quer entretenimento, não vai para compreender o sofrimento dos outros, quanto menos dos animais, e por isso a forma de ser deste documentário como se de um filme de espionagem se tratasse, envolvendo a audiência na acção e mostrando a hipocrisia com que se tenta esconder a brutalidade humana do outro lado do mundo, numa pequena e aparentemente inocente vila japonesa a sul de Tóquio, chamada Taiji, onde é possível assistir a espectáculos de golfinhos e simultaneamente estar a comer uma sandes de carne deste mesmo mamífero aquático.
Que triste realidade, mas é neste mundo que ainda vivemos.
A frieza destas palavras é só um choque para acordar as mentes mais fúteis, se é que podem ser acordadas. Ficar sem fazer nada de realmente importante nesta vida é continuar miserável. É continuar superficial até à morte e depois definhar sem aprofundar a razão do ser.
O famoso stress da vida moderna não nos dá tempo para pensar e consequentemente agir. A sedutora sociedade de consumo não quer que questionemos o porquê de certas situações. Querem-nos como marionetas do carrossel da eterna insatisfação que nos impede de sair do remoinho dos prazeres que esperamos rápida e repetidamente saciar. Mas para sair deste vício, não basta pensar, é preciso agir com determinação, coragem e confiança.
É essa a mensagem mais importante para mim neste documentário, é a capacidade que nos motiva para a acção, para a tomada de consciência que esta situação nos evidencia, apesar de ocorrer do outro lado do mundo. Os seus impactos reflectem-se aqui mesmo ao virar da esquina, basta estar atento e reflectir um pouco.
Os golfinhos são sem dúvida seres incríveis, com uma inteligência acima da média de alguns dos nossos parentes mortais, sobretudo daqueles que estão no poder a decidir o futuro da humanidade ou da comunidade onde estamos inseridos, gastando fortunas para entrar em contacto com extra-terrestres quando aqui mesmo no nosso mundo submerso temos uma criatura com consciência de si, reconhece-se ao espelho, tem uma vida social activa e utiliza uma linguagem própria e claro possui um fabuloso sonar que consegue por exemplo reconhecer à distância uma mulher grávida debaixo de água.
Não percam este filme, contactem o vosso cinema preferido e mostrem o interesse na sua visualização senão sempre podem comprar o DVD online, pois através deste documentário para além do alerta sobre a situação inaceitável que ainda decorre no Japão e as acções que podem tomar para acabar de uma vez por todas com este massacre anual, irão ficar a conhecer mais sobre esta espécie fantástica, provavelmente uma das mais inteligente deste planeta e ficar deslumbrados com as imagens subaquáticas que nos convidam a mergulhar com estes magníficos animais no seu habitat natural, mostrando a sua real beleza e alegria pela liberdade.
Mergulhar com estes animais apenas com o ar de uma inspiração é sem dúvida uma sensação única. Um reencontro com a nossa profunda e ancestral natureza.
Algumas questões
“A razão principal porque continuamos a mata-los [os golfinhos] é porque eles são uma praga!” e com esta frase justifica um pescador de Taiji, o massacre que acontece durante quase todos os dias entre Setembro e Março de cada ano, numa baía escondida de um parque nacional vedado ao público, com a morte de centenas, senão milhares destes animais.
Será que os golfinhos são mesmo uma praga? Será que os japoneses têm razão? Afinal já existem rumores que pescadores nos Açores também eles já começam a justificar a falta de peixe devidos a estes animais.
Afinal os golfinhos são carnívoros ao contrário das baleias e necessitam de consumir enormes quantidades de peixe diariamente. Como são uma espécie protegida na maioria dos países, o seu número tem vindo a aumentar gradualmente todos os anos.
Por isso deixo aqui algumas questões para reflectir:
- Será que os golfinhos não percebem que ao continuar a consumir peixe daquela forma vão dar cabo do ecossistema financeiro das grandes frotas pesqueiras?
- Deve o Homem controlar o aumento desta população de cetáceos para que as quotas de peixe se mantenham sustentáveis?
- Podemos acabar com este massacre sem o detrimento do conforto em que vivemos as nossas vidas quotidianas?
- Qual a diferença entre matar um golfinho ou uma vaca para comer?
- Qual o problema de comer carne de golfinho?
Se estiverem interesados em colocar alguma questão ou responder a alguma destas perguntas, por favor enviem-nos um email/sms para o nosso Contacto.
Informações adicionais: